quarta-feira, 12 de setembro de 2012

SONETO



Eu a vi passar por meus jardins
quando minha alma era luz da luz.
Eu a vi mirar o berço
onde a Luxúria morde as crinas.

Eu a vi rezar na penumbra
no altar dos sacros martírios,
azul e pálida como os lírios,
com a luz de meu peito que a ilumina.

Nunca mais a vereis, pois a minha alma
já entrou no reino do prazer sombrio,
jardim sem lua, sem paixão,sem flores.

Murchou a flor; e acalmou-se
minha ilusão.Já longínquo o vozerio,
o coração penetrou nas dores.

Federico García Lorca
In Antologia Poética

Nenhum comentário:

Postar um comentário