domingo, 16 de setembro de 2012

POEMA-2



Atravesso o jardim, de manhã,
até beber o último trago de névoa.
 
As estátuas empurram-me com
os seus braços brancos.
 
Um cisne confunde-se
com um jarro;
 
mas não sei se o lago
se confunde com ele.
 
No banco, um fantasma
estende-me uma chávena de café.
 
No fundo, discutimos ambos
um problema de existência.
 
É que nem ele nem eu
temos a certeza um do outro
 
quando a cidade, no Outono,
se veste de nuvem.

 
NUNO JÚDICE,
in O Movimento do Mundo

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