Serão miragens
aqueles tons em cobre
ondulando em folhas na tarde?
Meus olhos devem andar poéticos
ou delirantes.
ou mais febril a minha percepção
que entende
que os animais atendem
às nuances que aquela luz poente concede.
Luz e folha devem ter naturezas atadas
em delicado, intraduzível elo
que traça o pássaro ao ninho.
Não sei.
O que para as aves deve ser
algo como arbóreas núpcias
em mim
é um degredo em ecos,
um vago ruflar de um sentido.
Minha razão nada pode
contra a luz cadente
que vela e desvela
aquele tom amêndoa
- ferrugem quase dor,
quase leve -
que a alma agora consente.
E que de volta
à presciência do mundo,
ao ninho da terra
vai me cumprindo.
Fernando Campanella
Nenhum comentário:
Postar um comentário