domingo, 16 de setembro de 2012

LUZ CADENTE



Serão miragens
aqueles tons em cobre
ondulando em folhas na tarde?
Meus olhos devem andar poéticos
ou delirantes.
ou mais febril a minha percepção
que entende
que os animais atendem
às nuances que aquela luz poente concede.
Luz e folha devem ter naturezas atadas 
em delicado, intraduzível elo
que traça o pássaro ao ninho.
Não sei.
O que para as aves deve ser
algo como arbóreas núpcias
em mim
é um degredo em ecos,
um vago ruflar de um sentido.
 
Minha razão nada pode
contra a luz cadente
que vela e desvela
aquele tom amêndoa 
- ferrugem quase dor, 
quase leve -
que a alma agora consente.
E que de volta 
à presciência do mundo, 
ao ninho da terra 
vai me cumprindo.

 
Fernando Campanella 

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