domingo, 16 de setembro de 2012

ASAS



O que torna mais triste o céu sangrento
ao pôr-do-sol, são as partidas, são
os adeuses dos pássaros ao vento,
numa incerta e fugaz palpitação.

Ah! Quantas vezes, no apressado ou lento
voejar de aves que vêm e aves que vão,
tocam-se duas asas um momento
e afastam-se em contrária direção . . .

Também os nossos corações, um dia,
se encontraram: no ocaso rubro ardia
o incêndio dos amores imortais.

E - asas, na tela acesa do sol poente -
um no outro eles roçaram levemente,
para não se encontrarem nunca mais!

Heitor Lima

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