sábado, 22 de setembro de 2012

CREPUSCULAR





Poente no meu jardim. . . O olhar profundo
Alongo sobre as arvores vazias,
Essas em cujo espírito infecundo
Soluçam silenciosas agonias.

Assim estéreis, mansas e sombrias,
Sugerem à emoção com que as circundo
Todas as dolorosas utopias
De todos os filósofos do mundo.

Sugerem. . . Seus destinos são vizinhos:
Ambas, não dando frutos, abrem ninhos
Ao viandante exânime que as olhe.

Ninhos, onde vencidas de fadiga,
A alma ingênua dos pássaros se abriga
E a tristeza dos homens se recolhe. . . 

Raul de Leoni,
In: Luz Mediterrânea

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