A noite vai inchando no espaço
À espera das coisas, engendrando
A rosa frágil, a lâmina de aço.
A noite vai ungindo seres em seu ventre
Sob o hálito de elementos apodrecidos,
Vai criando átomos de aflições entre
O riso da criança e a presença dos lamentos.
O pranto nasce sobre os ramos,
Sob as sombras apagadas,
Devolve esperas além do tempo,
Desce sobre as faces superpostas,
Movimenta desígnios já mortos,
Grita obscenos desejos nas águas represadas
E canta a sua canção nos vales sem fundo.
A noite inchando no espaço,
Multiplicando a rosa frágil
E a lâmina de aço.
Adalgisa Nery
In Erosão (1973)
Nenhum comentário:
Postar um comentário