segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A CHEGADA



Noite de chuva tétrica e pressaga. 
Da natureza ao íntimo recesso 
Gritos de augúrio vão, praga por praga, 
Cortando a treva e o matagal espesso. 

Montes e vales, que a torrente alaga, 
Venço e à alimáría o incerto passo apresso. 
Da última estrela à réstia ínfima e vaga 
Ínvios caminhos, trêmulo, atravesso. 

Tudo me envolve em tenebroso cerco 
D'alma a vida me foge, sonho a sonho, 
E a esperança de vê-la quase perco. 

Mas uma volta, súbito, da estrada 
Surge, em auréola. o seu perfil risonho, 
Ao clarão da varanda iluminada

Emílio de Menezes

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