segunda-feira, 16 de setembro de 2013

CEMITÉRIO NO CAMPO


 
Sobre cruzes tortas, colina de hera,
Sol ameno, aroma e zumbir de abelha.
 
Felizes vós, aqui acolhidos
Se ajustam ao coração da boa terra,
 
Felizes vós, filhos anônimos, retornados
Docilmente descansais no colo materno!
 
Mas, ouvi, do esvoaçar da abelha e do peito
Me canta a ânsia de viver e de ficar,
 
Desses profundos sonhos enraizados
De seres longamente apagados
 
Brota o impulso à luz,
Ruínas humanas, enterradas no escuro,
 
Se transformam, exigem  presença,
E a terra-mãe, como rainha
 
Nos impulsos do nascer se contorce.
Meigo ninho de paz na cova do fosso,
 
Não pesa mais que um sonho na noite.
Fumaça cinzenta é só o sonho da morte
Sob a qual o fogo da vida chameja.
 
Hermann Hesse
In Caminhada

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