Quando o galo cantou na escuridão
Como um claro rumor que afasta o medo,
É que ele viu que chegara a ocasião
E que findara enfim o seu degredo.
Fosse qual fosse o dedo
Que lhe apontava a vida, era de mão
Que conhecia o mágico segredo
De negar e rasgar a solidão.
Mundo! - disse ele então, - Mundo de todos!
Mundo de estrelas, de ilusões, de lodos,
Onde nada é sozinho nem disperso:
Mundo! Sou eu aquela voz perdida,
Que vem juntar-se, arrependida,
Trazendo a humana gratidão de um verso.
Miguel Torga
in ‘Libertação’
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