segunda-feira, 7 de outubro de 2013

SONETO DECADENTE



Morria rubro o sol e mansa, mansamente... 
sombras baixando em flocos, lentas, pelo espaço... 
Um morrer pungitivo e calmo de inocente: 
doces, as ilusões fanadas no regaço. 
 
Passa um cicio leve e suave... Num traço, 
ave rápida passa súbita e tremente... 
A tristeza, que vem, cinge como um baraço 
a garganta: o soluço estaca ali fremente... 
 
Lembranças de pesar... Navio que na curva 
do mar, de água pesada e funda e escura e turva, 
some-se de vagar das ondas ao rumor... 
 
Ó crepúsculos sós! os exilados sentem 
a angústia sem igual de amantes que pressentem 
o derradeiro adeus do derradeiro amor!


José Joaquim Medeiros e Albuquerque
 




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