Ampla se estende a erma planície nua.
Cobre-a o funéreo manto do luar
E cada sombra no chão se recorta
Com nitidez de paisagem lunar.
Mas que imobilidade singular
Que as coisas têm! E que nudez! Aflito,
O ouvido indaga, espera... E nem um grito
Vem o imóvel silêncio apunhalar.
Mostra-se a Lua. A sua enorme face
lembra um disco de prata formidando
que um Titã aos Céus arremessasse;
Vem branca, branca, de um palor que pasma.
E enquanto vai a Lua transmontando
uiva lugubremente um cão fantasma.
MARIO QUINTANA
In A cor do invisível, 1989
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