segunda-feira, 1 de outubro de 2012

MATINAL



Na bruma do cenário matutino,
O coração virente da floresta
Lembra um antigo templo bizantino,
Uma sonora catedral em festa

Agora, o bando de sabiás se apresta
Para cantar, solenemente, um hino.
E, do turíbulo das flores, lesta,
A brisa faz subir o incenso fino.

A cerimônia excelsa tem início.
Reconcentrada em prece emocionante,
A mata imensa fica silenciosa.

O próprio Deus celebra o sacrifício
E ergue no céu, num símbolo brilhante,
A hóstia do sol, serena e esplendorosa.

Helena Kolody ,
in Viagem no Espelho

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