terça-feira, 2 de outubro de 2012

MANHÃ II



No engaste vegetal
pálida ametista.
Tombam do sol pétalas de sombra
setas de luz arisca.
Sob o céu de puras águas
unem-se as bocas na polpa do mesmo fruto.
Terra nos braços, no sangue fascinado,
terra nos ossos claros.
Nós: filhos do vento, coroados de ervas rudes,
ânforas, lutróforas dos que morreram puros.
No espelho do lago semeado de folhas
ondulam os corpos entre hastes de trigo.


Dora Ferreira da Silva,
in Poesia Reunida 

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