quarta-feira, 1 de outubro de 2014

SONETO XIV




Se as horas passam entre a terra e o céu
Quero também passar com meus sentidos
Esquecer-me dos tempos revividos
E simplesmente caminhar ao léu.

Agora que a penumbra desce o véu
Na floresta dos dias repetidos,
Os bichos errarão, anoitecidos,
Nas almas misteriosas do mundéu.

Comigo passarão as luas mansas
Os segredos, as vozes sem futuro,
Os minutos de pedra deste jogo.

Na floresta do tempo, as esperanças
Serão as feras no caminho escuro
Dilacerando o espírito sem fogo.


Paulo Bomfim
in Sonetos – l.959 –



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