Sabes que sou como um rio abandonado
no sedento leito do esquecimento,
e a tua vã lembrança tão unido
como a água ao seu céu refletido;
Sabes que sou como o tempo desfolhado
na mão final do que foi perdido
e, como um horizonte proibido,
me envolves o sonho vigilante;
Sabes que sou como o ar, destinado
ao vôo de tuas aves, som ferido
surdido rouxinol e enamorado:
Sobre este coração crepuscular
e por turvas marés assaltado,
tornas-te nuvem voando para o esquecimento.
Eduardo Carranza
In Antologia Poética
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