segunda-feira, 17 de junho de 2013

SONETO DA AURORA



Quando a aurora se for, não mais seremos
o que ora somos, entre a Noite e o Dia,
cegos contempladores da magia
que no aquário da noite surpreendemos.

Somos flamas do instante, e em luz ardemos
presos eternamente ao que seria
o amor em nossos corpos, alegria
do perpétuo horizonte em que nascemos.

Das corolas do céu extraio a ardente
forma de redenção cativa à hora
em que ao puro lilá fui entregar-me.

Que somos nós senão a eternidade?
O amor transfigurou-se como a aurora
e se extinguiu após enfeitiçar-me.

Lêdo Ivo 
de Central Poética

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