Quando a aurora se for, não mais seremos
o que ora somos, entre a Noite e o Dia,
cegos contempladores da magia
que no aquário da noite surpreendemos.
Somos flamas do instante, e em luz ardemos
presos eternamente ao que seria
o amor em nossos corpos, alegria
do perpétuo horizonte em que nascemos.
Das corolas do céu extraio a ardente
forma de redenção cativa à hora
em que ao puro lilá fui entregar-me.
Que somos nós senão a eternidade?
O amor transfigurou-se como a aurora
e se extinguiu após enfeitiçar-me.
Lêdo Ivo
de Central Poética
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