terça-feira, 18 de junho de 2013

A NOITE



Para que durmas, meu filho,
não há mais luz: é sol posto,
não há mais brilho que o orvalho,
mais brancura que meu rosto

Para que durmas, meu filho
o caminho emudeceu,
soluça apenas o rio,
nada existe senão eu.

Desfez-se a planície em névoa,
Tolheu-se o suspiro azul.
Pousou com dedos leves,
por sobre o mundo, a quietude.

Não embalei tão somente
ao meu filho com o meu canto:
ia a terra adormecendo
ao vai-vem desse acalanto.


Gabriela Mistral

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