Assisto a tudo, serenamente,
como quem nunca viveu.
A noite tomba de repente.
Hora de olhar e não ver nada,
hora discreta, fina, que eu
sinto fugir, abandonada.
Um grito rasga o céu sereno.
Ah! para que anda no infinito
aquele grito?
A noite veio como um doente
que bebe as horas como um veneno.
E eu olho tudo, serenamente.
Mas o grito que rola e enche todo o infinito,
e desce à terra e sobe ao céu,
esse grito, entretanto,
vem de mim mesmo, num desencanto,
é MEU!...
Emílio Moura
de Itinerário Poético
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