Mãos brancas(meras mãos sem corpo e sem braços)
Acariciando um negro veludo...
Os olhos do guerreiro visto por cima do escudo
(Cartas de luto sobre regaços)
E nunca desfraldado o estandarte
De modo a ver-se que cores e imagens tem...
Mãos sem lágrimas,mãos que nunca seriam de mãe...
Ah, não ser eu toda a gente e toda a parte!
Dói púrpuras o silêncio, e que lírios a hora!
E nos tabernáculos das ocasiões um rito de timbres colora
os vitrais das passadas desilusões...
Cessou no Oposto o ruído de vagas batalhas
Ficou todo o espaço sendo, com túmulos(brancos)a Hora,
Um suspirar de guizos, com fímbrias de falhas...
Abrem-se de par em par impossíveis portões
E desabrocha a ira nos olhos de Artur
Dos vultos, na sombra, de leões...
Mas os dias acontecem oráculos neutros
E não há rituais, Princesa, senão de imperfeições...
Fernando Pessoa
In Poesia - 1902-1917
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